sexta-feira, 1 de abril de 2011
Sorry, but I can’t hear you!
Há já algum tempo que não venho para aqui protestar, por isso acho que chegou a hora. O motivo é o seguinte: como pessoa citadina, que mora na capital e trabalha na capital, demoro eternidades para chegar ao trabalho e utilizo mais do que um transporte. Ora, o que faço para passar esse tempo da melhor forma? Não, não leio (porque confesso que ler aos solavancos e às pinguinhas não me dá muito jeito), ouço música. Aqui há atrasado, tive de comprar uns fones novos (e que, por acaso, só ainda não deram o berro porque já estou farta de enrolar fita cola no fio para ver se aquilo aguenta mais um bocadinho) e são daqueles encastráveis, tipo tampão. O que é que isso quer dizer, meus fofos? Exacto, que não consigo ouvir mais nada para além da minha música. Pois… E isto de se andar sempre nos transportes públicos faz com que se criem rotinas e códigos de entendimento implícito. Ok, até parece engraçado, pessoas que não se conhecem conseguirem comunicar através de comportamentos subtis e padronizados… mas… daí a eu ter que fazer uma ginástica mental… abram a boca, meus senhores, abram a boca! Ora, eu estou sentada no autocarro e uma pessoa chega-se a mim e fica ali especada. Não é preferível dizer: “Com licença” ou “Dá-me licença”, para dizer que se quer sentar no banco ao lado? Mas isto acontece principalmente com chavalecas. É aquela inimizade que se cria à partida entre mulheres, só porque sim, porque faz parte, é tradição e tem de ser… Oooohhhh, não tenho pachorra para isso! Abram a boca, bacanas, peçam licença, porque eu não me levanto enquanto vocês não explicarem o que pretendem com o vosso colanço! É que lésbica não sou, nem tenho aspecto de tal, por isso… pedir um cigarro… dentro de um espaço fechado… Ai, não há cu para a má educação deste pessoal. É que há muito que deixou de ser só atrofianço da idade!
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