De greve em greve, algo há-de sortir efeito

Pois é... (ui, e que ânimo eu transmito ao nobre leitor começando com “pois é”) mas os tempos estão difíceis, mesmo intoleráveis, eu diria. A vida neste Estabelecimento Prisional não nos está a trazer nada de novo (nem de bom, se é que alguma vez trouxe, para além da amizade fortalecida com a LittlegirlBlue) e neste momento nós decidimos que temos de fazer alguma coisa.

Depois das ganas de querer ir para casa ou bater em alguém, chegou a hora de usarmos o último recurso que temos ao nosso alcance: a greve! A GREVE! Vamos fazer greve! E que belo recurso é a greve. Confesso que nunca pensei, na minha vida profissional e, mais ridículo ainda, enquanto recibo verde, ter de recorrer a este mecanismo mas também nunca pensei que meu patrão usasse como recurso, sucessivamente, não me pagar durante dois meses. A paciência esgotou-se, a minha lata aumentou (exponencialmente e proporcionalmente à do meu patrão) e cá vou estar eu, sentadinha, sem mexer uma palha.

Assim é que é! Obrigada Álvaro Cunhal, obrigada Mário Soares (e sua respeitável esposa) e obrigada a todos aqueles senhores (hoje simbolicamente representados por aqueles bonecos, que muito medo me causavam em pequena, na Fortaleza da terra mai linda para mim) que hoje me possibilitam vir sentar o meu rabo numa cadeira (que por sinal foi trazida para cá pela minha coordenadora) e não fazer NADA!