quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O pião e o elástico

Todos nós fomos crianças um dia… e crianças felizes (vamos dizer todos que sim, ‘tá bem?)… e todos tivemos brinquedos. Recordo ainda com carinho alguns, que me foram muito especiais.

No entanto, cada um tem uma idade para ir largando, deixando, abandonando aqueles objectos que foram, outrora, nossos amigos e nos ajudaram a crescer e a desenvolver. Secalhar vocês, caros e atentos Fofos, deixaram a chucha mais cedo que a LittleGirlBlue e ela as fraldas mais cedo do que eu. Quiçá? O que eu tenho pena, e leva-me a pensar na infância que estas pessoas tiveram, é como dois mancebos, moços criados e tão bem parecidos, magrinhos, morenos, de barbinha já meio atrevida, e a já iniciarem a sua vida porque trabalham numa conhecida cadeia de roupas, brincam ainda grandinhos, já na maioridade e ainda por cima no horário de trabalho. Coitadinhos… um estava na caixa, não tinha grande vagar para ir buscar brinquedos mas o outro encontrou uma “abertazinha”. Lá encontrou dois rostos de manequins (cabeças, mesmo) e lá começou a brincar, a fingir que esses rostos andavam aos beijinhos. Ele brincava, lá encostadinho, ao cantinho, qual cãozinho em castigo, mas ele sentia falta do amiguinho, agarrado à caixa má… e ele olhava para o amiguinho… lá punha os rostos a dar beijinhos… olhando sempre para o amiguinho… sentindo pena do amiguinho… ali preso… e o amiguinho olhava… como que a dizer: “Também quero brincar!”. Custou-me. Custou-me ver isto porque eu acredito que a infância é uma época importante para a estruturação da nossa personalidade. E custou-me. Mas se não ia lá a chefe deles dizer: “Isso não é para brincar. Mão mexe!”, e se os contrataram, é porque eles têm capacidades. Devia ser saturação. Muitas horas ali fechados, sem ver a luz do sol. Deve ser muito complicado.


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